domingo, 22 de abril de 2012
Pássaros dos sonhos
Como ajudar as crianças a lidar com pesadelos? Como falar com eles sobre o tema da morte?
Como professor e educador, indico o caminho da arte.
Como psicólogo, indico o caminho da arte.
Como amante da filosofia e de Nietzsche, indico o caminho da arte.
Como professor, educador, psicólogo, amante da filosofia... como Luiz... como uma parte disso tudo e tudo isso ao mesmo tempo, indico a peça teatral infantil: “Pássaros dos Sonhos.”
Sim, isso mesmo! Indico essa peça como uma das peças mais harmoniosas e leves que já vi. O texto tem uma suma riqueza. A iluminação simples, mas criativa (e por que não dizer lúdica também?). O cenário simples e mágico. Com construções e desconstruções que facilitam o “brincar” dos atores em cena. Digo “brincar” porque a harmonia, a energia entre eles não é de quem trabalha, de quem faz teatro. É uma energia de quem brinca. Energia própria de quem entrou e entendeu o universo lúdico da criança e, por isso, de lá (de dentro do universo infantil) pode falar de assuntos difíceis para a criança entender e viver, e também, difíceis para os adultos explicarem. A peça versa sobre pesadelos, sobre perda e sobre morte. Não se preocupe adulto. A peça é infantil, mas se fores levar seu filho, sobrinho, neto, vizinho e tiveres um coração aberto, tiveres, minimamente, um coração “de criança” sairás da peça tão tocado, tão mais leve quanto as próprias crianças. (E, aqui, refiro-me às crianças enquanto plateia, bem como as crianças enquanto os atores-crianças). Esclarecendo melhor: os atores são todos adultos. No entanto, eles souberam tão bem sorver o universo infantil que parecem nos confundir com as crianças-plateia que sentem próximo ao palco. É bem verdade que já ouvi falar muito de um dos diretores da peça: Rodrigo Cunha. Mas ver uma peça produzida por ele, senti-me feliz por poder contemplar a arte e o artista em um momento único. Sem esquecer que no final da peça, percebi que o diretor também sorveu a alegria do mundo mágico infantil. Ele sorria, como uma criança que vê um algodão doce, ao olhar e apresentar os seus atores. Nietzsche estava certo ao dizer que “temos a arte para não morrer da verdade”. Parafraseando, meu querido filósofo ouso dizer, nós, recifenses, pernambucanos, temos “Pássaros dos Sonhos” para não morrermos sem a beleza da poesia em forma de arte e revestida de um cheiro doce de cuidado.
Por isso, convido você a ver a peça que terá no próximo domingo sua última apresentação.
Local: Sesc Santo Amaro – Teatro Marco Camarotti
Dia e horário: Domingo (29/04), às 10h30
Ingressos: RS 10,00 (inteira), RS 5,00 (meia)
Direção: Analice Croccia e Rodrigo Cunha
Elenco: Alexandre Peixoto, Amanda Pegado, Geraldo Monteiro, Ludmila Pessoa, Marília Linhares e Stela Lopes.
Ah, eu já ia esquecendo: quando terminares de ler esse texto, não esqueças de suspirar. Um suspiro longo e gostoso. “Porque toda aventura começa com um suspiro depois daquele sonho bom...”.
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Acertastes o suspiro! E vou num mergulho só!
ResponderExcluirParabéns pela crítica Lu!
Bjos
Jessica Paixão
Obrigado. Muito honrado com sua crítica e muito feliz pela receptividade que você teve de "Pássaros dos Sonhos". Foi um espetáculo feito com muito coração por todos da equipe e é muito bom ter esse retorno dos corações que nós tocamos.
ResponderExcluirRodrigo Cunha
Grato pelas referências a este trabalho que é mais uma realização do querido Rodrigo Cunha, com os atores do Núcleo Domínio Público do SESC Santo Amaro.
ResponderExcluirManoel Sobrinho - Coordenador de Cultura do SESC Pernambuco.
Que lindas palavras, Luiz Carlos, que sensibilidade tão enorme!
ResponderExcluirRodrigo Cunha é uma eterna criança com seu algodão doce, e eles todos fizeram tudo com tanto amor e alegria que não podiam ter outro resultado.
Vida longa para essas "crianças" no palco.
Ailma Andrade.