quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sem você...

Sem você... sem você, aqui, tudo fica diferente. A luz perde o brilho. A decisão perde o foco. A cor fica opaca pela sua ausência. Sem você... sei lá... gostaria de ter o poder das palavras, não só para descrever como fico, mas para com elas trazer você de volta... Porque sem você fico frio, sem graça, sem riso, sem desejo... Não sei! Minha cabeça dói. Procuro na caixa de remédios algum alívio. Procuro... procuro... Eu sei que tem algo aqui. Tem algo para aliviar essa dor. Droga! A cabeça não dói por algo sem sentido. Você é a causa da minha dor. Ou melhor, sua ausência é a causa. Descubro nesse momento, você é dor e alegria, você é doença e remédio. E nas caixas de remédio não tem você. Queria tê-lo em doses homeopáticas, em comprimidos, em gotas... Mas preciso de você em tarja preta. Isso! Preciso de uma dose forte do seu carinho, do seu abraço, do seu cheiro... Por que você partiu? De quem foi a culpa mesmo? Quando foi que você começou a escapar de mim, como a areia que escorre de nossas mãos? Dentro de mim, ainda há uma certeza. Ou, ao menos, eu quero acreditar nisto: você voltará. Você não vem agora. Agora, não. Depois, sim. Esperando? Sim. Mas... no meu caso quem espera muito, alcança outra margem do rio. Ou até mesmo outro rio para navegar.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cinema - nova temporada

Querido diário, São 23h e eu só penso em escrever aqui, tudo o que vi e vivi nesta noite. Acabei de ver a peça Cinema. Você se lembra que eu já tinha visto essa peça em Janeiro/2012 quando tudo ainda estava no processo de criação? E lembra-se como fiquei encantado com a peça? Pois bem, hoje, fiquei com raiva dos atores e do diretor, Anderson Aníbal. (Aqui é meu diário, posso escrever, né?) Sim, fiquei com raiva porque eles conseguiram fazer a peça melhor do que antes. Como eles conseguiram melhorar algo que já estava bom? Pronto, lascou! Agora a peça Cinema está melhor ainda. E quem já viu, tem a obrigação de rever e constatar tal verdade. Mas, vamos lá, tenho mais sentimentos a externar. Elizângela... Elisângela... queria eu que o meu maior problema fosse a questão ortográfica se meu nome é com S ou Z. Essa menina é fantástica! É a personagem, na minha opinião, que poderia aparentar maior tristeza, maior vazio. No entanto, ela descobriu o segredo de tudo. Por sofrer da memória, em um mundo em que somos obrigados a saber tudo, ser bom em tudo, Elisângela descobre que a verdadeira felicidade é esquecer. É viver o hoje! O agora! E na dor de viver seu esquecimento essa menina passa uma vivacidade, uma alegria, um comprometimento com os atores, com a cena, com o público que dá vontade de você sair da platéia e dizer: “Pelo amor de Deus, não lembre, não lembre. Fique assim. E me ensine a ser feliz com aquilo que necessariamente deve me bastar”. As cenas delas são um misto de fraqueza-fortaleza, dor-amor, leveza-profundidade. E a cena dela com o Bernardo deixaria Shakespeare com raiva de Anderson Aníbal e, Romeu e Julieta rancorosos de inveja. Ivan... Ivan... sua simplicidade dói. Isso mesmo! Dói por revelar a profundidade do humano. Acredito que Nietzsche aplaudiria você de pé, assim como eu o fiz. O que eu faria se tivesse 5 segundos? Interessante perceber como esse personagem de 5 segundos nos remete a problemática do tempo, do que fazemos com o tempo. E mais uma vez, como na outra crítica, cito Zygmunt Bauman, em Tempo Líquido. Obrigado Ivan por nos mostrar quão líquidas são nossas relações, como precisamos conversar mais com os “julitos” de nossas histórias. Obrigado Ivan por reconciliar nossa relação com o tempo e nos mostrar que 5 segundos bem vividos valem uma eternidade. Alguém percebeu que esse menino exala emoção num grau e numa exatidão sem igual? Meu Deus! Regina... Regina... você chegou agora (ao menos, a atriz Sofia Abreu não estava na primeira montagem que vi), no entanto, ela tem uma expressão...UAU! As marcações e colocações da história da perna amputada, foram sutis, sensíveis sem perder a realidade nem precisar ser trágico. E essa menina... desculpe-me, essa mulher revelava toda sua força na sua expressão e nas suas unhas vermelho-carmim. Sim, as unhas fortes, marcantes faziam contraponto com a dor, a leveza, a ingenuidade outrora apresentada pela personagem. Orlando... Orlando... não posso mais dizer que era só um rosto bonito na peça. Já disse para ele quão surpreso fiquei na primeira vez em que o vi em cena. Porém, dessa vez vi um menino crescendo, vi um menino-homem no palco. É sério! Tem horas que você quer cuidar de Orlando, cuidar da dor dele. Interessante ele ser um enfermeiro que cuida dos outros, dos doentes. Mas ele é tão doente, tão frágil e, certamente outro segredo, por isso consegue cuidar, ser forte. (Ai, que minha raiva por esse Aníbal só cresce). Para mim, ressalto a dor vivida por Orlando ao recolher os colchões já no final da peça como uma cena ímpar. Colchões? Não. Ele recolhia os pacientes, as mortes, as dores tantas vezes vividas pelos pacientes dele. E também as dores dele mesmo! Bernardo... Bernardo... alguém já te disse que você é a Fernanda Montenegro de calças? Meu Deus! Como alguém consegue passear pelo cômico, pela tragédia, pela alegre-leveza, pela profunda-dor... como alguém consegue ser tão inteiro no palco como você? Mais uma vez, deu vontade de sair da plateia e tocar em ti: “és real?”, “és meu irmão?" Sim, porque parece tão real que chegamos a pensar se não é a dor que assola um parente próximo, um conhecido, alguém com quem convivo, aqui, do meu lado. Sem falar a vontade que dá em tirar meu coração e te dar. E dizer: “Viva, menino-homem. Viva ingenuidade sofrida, amedrontada! Viva, aquele que tem muito a nos ensinar.” O mais novo dos personagens, mas ouso dizer que o maior de todos. A cena dos colchões justapostos, e Bernardo em baixo dele, foi uma das mais belas. Sim, os colchões formavam um coração. Percebeu? E justamente Bernardo ali, embaixo, sufocado por um coração (o seu, o coração que chegaria, e o coração-colchão). O cenário, a iluminação estavam perfeitos. Muito simples e, ouso dizer que, a primeira lembrança que me veio a cabeça foi Dogville de Lars Von Trier em que o cenário eleva-se à categoria de personagem e contracena com os outros. Ainda bem que viemos aqui para conversar, ne? Estamos aqui para conversar, ne? Não estamos? Então, sugiro. Vá ver Cinema. Porém, vá preparado para um diálogo profundo, silencioso, intrigante que você fará com consigo mesmo, com sua história, com os personagens. E permita-se conversar com a pessoa do lado (depois da peça, lógico) sobre o que você faria se tivesse 5 segundos. Ah, e não esqueça de atentar para a metáfora do coração transplantado. Essa cena é linda e parece durar mais do que 5 segundos... Querido diário, preciso dormir. Pois tenho muitas pessoas para conversar em 5 segundos de eternidade a partir de amanhã. Cinema Texto e direção: Anderson Aníbal Com Brunno de Lavor, Daniel Barros, Elilson Duarte, Hermínia Mendes, Jorge Féo, Paulina Albuquerque e Sofia Abreu e mais: Bárbara Ferraz, Pepê e Peu Queiroga De 23 de maio a 03 de junho de 2012, de Qua a Dom às 20h30 Teatro Hermilo Borba Filho. R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia entrada) Quartas e Quintas Preço Promocional R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia entrada)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Naquele dia eu soube porque o amava tanto.

Bolo de chocolate com cobertura de prestígio. Uma coca-cola super gelada. Uma tarde de verão quente. Um sol dizendo “goodbye” bem aqui do lado. E, a minha frente, uma saudade de alguém que está longe. Longe a trabalho. Mas perto, bastante perto. Porque se tem uma coisa que o amor teima em entender é a questão circunstancial de tempo e distância. Pessoas passam por mim. Sorrisos me miram. Olhares sorriem para mim. Eu sorrio. Mas não como retribuição. É um sorriso meigo, tímido e que me traz uma certeza: nenhum desses sorrisos é comparável ao seu. Nenhum desses sorrisos me acordou numa noite de chuva ou num domingo de manhã. Nenhum desses sorrisos me fala mais do que o seu. Então, recordo-me do nosso primeiro encontro, segundo encontro, terceiro... Meu sorriso aumenta. Começo a ficar sem graça, pois devem achar que sou louco por estar sorrindo sozinho nesse bistrô. No entanto, uma lembrança me toma: estávamos no supermercado. Chovia muito. Eu estava gripado. Você pediu para eu ir logo para o carro. Um cuidado que só você sabe ter por mim. (E que só eu insisto em não aceitar – risos tímidos). Porém, antes disso, tinha ficado chateado porque você olhou para um rapaz na fila do caixa. Fiz um charme, um drama. Você não entendeu. Eu entendia e não gostava. Fiquei no carro. Sozinho. Esperando você chegar com as compras. Fechei meus olhos. Tentei pensar em outra coisa. Meditar, sei lá. Quando abri os olhos, vi você no estacionamento, molhado, com sacolas na mão. Seu sorriso irradiava como um sol diante de tamanha chuva. Você esperava pacientemente eu abrir os olhos. Não queria me interromper, pois sabia que uma terceira guerra mundial poderia acontecer. Você entrou no carro. Sorrio de toda aquela situação. Olhou nos meu olhos e me disse: “Posso achar outro homem bonito. Sim, existem outros bonitos. Solteiros. Casados. Infiéis. Mas o homem que escolhi para estar ao meu lado nos dias de chuva, de sol, de supermercado, de alegria, de mau humor... é você. É você quem eu quero do meu lado. E isso é tudo para mim. Quer você acredite ou não. Mas se você acreditar será bem melhor para nós dois. Caso não acredite, será melhor para mim. Pois ficarei com a melhor parte do desafio: mostrar a você como nós dois podemos dar certo”. Naquele dia eu soube porque o amava tanto.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Esporte Radical

Vento. Sol. Calor. Carro em movimento. Sensação de alegria e de liberdade. Cabelos ao vento. Estou em plena avenida dirigindo como se estivesse num filme de Almodóvar. Estou com vontade de fazer um esporte radical. Para sentir essa liberdade, sentir esse frio na barriga, essa alegria que é um misto de medo, de euforia. Essa sensação de consciência do meu corpo, bem como uma sensação de pertença do mundo. Não dá como não rir numa hora dessas. Lembrei-me que por ter medo de ousar, de encarar o novo, de sair dos meus valores, dos meus “portões”, você foi o único esporte radical que eu vivi! Ainda me recordo que no começo eram muitas as dúvidas. Você chegou calado, sorrateiro. Mas ao mesmo tempo, chegou bagunçando. Revirando minhas opiniões, meus valores. Revirando meu mundo. Mundo tão certo, tão perfeito. Tudo tão encaixado. Tão... Tão... Tão sem vida! Aí você chega e me tira o ar com seu beijo, me tira o chão com seu desejo. Todo mundo percebia, menos eu: eu já estava apaixonado. E por isso, já estava mudando. Deixando de ser eu para ser você. Sem saber, era bem ali que eu começava a morrer. Morrer para mim e viver para ti. Uma morte sem dor, ao menos naquele momento. Porque, hoje, insisto em sair dessa UTI em que se encontram meus sentimentos. Será que tudo isso não foi um amor platônico? Também não sei me dar essa resposta, mas sei que amor platônico é dói, mas é bom. E deve ser vivido e sorvido até o finalzinho... Trecho do livro LEIA-ME de Luiz Carlos Filho!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Pêssego com leite condensado

Vontade de comer pêssego com leite condensado e calda de morango. Uma manhã ensolarada, feriado e eu aqui com esses desejos loucos. Loucos? Desejo muito normal. Louco é o desejo de te ver. Louco é ver a cor dos teus olhos em todo verde que vejo. Louco é sentir o gosto do teu beijo em cada sobremesa que provo. Louco é viver a segunda-feira como se fosse a quarta-feira somente pela simples alegria de estar mais próximo o fim de semana. Louco é ficar quando todos vão embora. Mas fico porque a espera é uma agridoce comida para os apaixonados. Sim, você me ensinou a esperar. E agora que você se foi, insisto esperar sua volta. Levanto. Procuro meu mp4. Afinal de contas, preciso escutar uma música. Uma música que não me lembre você. Porque todas as músicas falam de ti. E falam de nossas promessas de amores feitas ao meio-dia e cumpridas no calor da noite. Na bagunça da mesa, encontro o mp4 e encontro você. Sim, uma foto sua. Sorrindo. Nossa foto preferida. Foto que revela o motivo da nossa escolha. Escolhemos um ao outro, porque não há espaço para outra escolha quando se ama. Loucura é você não estar aqui para enxugar essa lágrima que insiste em cair no meu rosto. Parece-me que vai chover. Ledo engano. São apenas multiplicações de lágrimas chamadas saudades. Lágrimas entoadas pela música da saudade. Saudade que me faz querer ser louco e te chamar de volta para minha casa, meu quarto, meu mundo, meu eu.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Agenda

Maio é o mês do PALCO GIRATÓRIO!


*EU VIM DA ILHA

 Cia de dança Sesc Petrolina (Pe)
19h30
04/05/12 (Sexta-feira)
Teatro Barreto Júnior
Gratuito







*UM PRINCIPE CHAMADO EXUPÉRY


Cia Mútua (SC)
19h
05 e 06/05 (Sábado e Domingo)
Teatro Hermilo Borba Filho
R$12 (Inteira) // R$6 (Meia)








 
*ESCAPADA





Cia Mário Nascimento (MG)
21h
05/05 (Sábado)
Teatro Barreto Júnior
R$12 (Inteira) // R$ 6 (Meia)
  

* DAAK ROOM


Cia. ETC. (PE)
22h
05/05 ( Sábado)
Casa Mecane
R$12 (Inteira) // R$ 6 (Meia)
Classificação: 18 anos






*FALADORES
 


Cia Mário Nasciemnto (MG)
20h
06/06 (Domingo)
Teatro Barreto Júnior
R$12 (Inteira) // R$ 6 (Meia)


 
* O VARAL DE CASA







Coletivo Ambar
2° Temporada
20:30hs
04 e 05/05 (Sexta e Sábado)
Teatro Joaquim Cardozo
R$20 (Inteira) // R$10 (Meia)











*LEVE



Coletivo Lugar Comum
Última apresentação
19h
04/05 (Sexta-feira)
Teatro Hermilo Borba Filho
R$5 ( Preço único)
Com intrepetação de Libras e audiodiscrição.

 
*ENCONTRO OPOSTO - Três Movimentos em um ato


Incentivo Funcultura
Direção e Coreografia: Ivaldo Mendonça
20:30hs
Teatro Apolo
R$10 (Inteira) // R$5 (Meia)








quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sorriso de quem come doce de goiaba da vovó...

Hoje, 2 anos e meio que estamos juntos. E eu ainda perguntando-me: Como você chegou? Como me deixei cair apaixonado assim? Lembro com doces lágrimas nos olhos e um sorriso gostoso (sorriso de quem come doce de goiaba da vovó e se lambuza) que você chegou num dia de chuva. Mal sabia eu que você seria esse sol de amor a iluminar bem aqui dentro de uma forma ímpar. Eu estava chato, seco, amargurado. Tinha saído de um relacionamento doentio, uma dependência afetiva enorme. Não queria me envolver com mais ninguém. Mas quando vi você sorrindo, com seus óculos de grau tão charmosos, tão ar de intelectual, seus cabelos cacheados como cabelos de anjos de literatura... confesso que vacilei, tremi! Você olhou para mim. Sorrio. Fiquei sem graça. Achei que era com todos, menos comigo. Você persistiu no sorriso. Fiquei com medo. Disse para mim que não era tempo para abrir a outra pessoa. Desejei que você sumisse. Até que seus amigos passaram por perto de mim. Você teria que passar ali. Para piorar, você decorou meu nome. Maldita hora em que o professor de Semântica elogiou meu trabalho na frente de todos. Você chegou perto. Sorrio. Tocou no meu braço. Disse meu nome. Nervoso. Ansioso... sei lá que doidice me deu. Comecei a falar, falar... e disse: “olha, nem vem, tá! Não quero ninguém. Não quero me envolver, não quero me apaixonar, não quero dar esperanças para o meu coração tão sofrido e que, hoje, tenta se restabelecer. Coração que tenta se erguer, tenta se encontrar e parece que só faz chorar e sangrar”. E você sorri. Um sorriso ingênuo e ao mesmo tempo malandro. Um sorriso de menino-homem. Um sorriso encantador. Um sorriso silêncio-palavra. Um sorriso conquistador. (Ai, tenho tanta raiva desse seu sorriso, porque diante dele fico sem palavras! – risos tímidos). Olhou para mim e disse: “Não estou aqui para te pedir em casamento, nem tão pouco para te pedir em namoro. Estou aqui porque faz tempo que te observo, te admiro, te venero. Não quero magoar você. Sei de sua história, de suas dores. Suas amigas me contaram. Quero apenas te amar de outra forma. Quero ter a chance de te amar do lado de dentro. Do lado de dentro do coração. Onde ninguém ainda foi e onde sei que você precisa disso. Porque olhar para você é ter a certeza de que: amar é mais do que curar as feridas. Amar é cuidar o campo antes que essas feridas surjam. E mesmo lá, se elas surgirem, eu quero ser o médico de suas feridas da alma nas noites frias”.