quinta-feira, 8 de março de 2012

Não apague a luz...

Sentado no sofá do hospital. Sua cirurgia já dura 5 horas. Não consigo comer, nem beber nada. Minhas mãos tremem. Não tenho forças para ficar em pé. Também já andei por horas a fio de um lado para o outro desse corredor. Meu aspecto físico revela um cansaço que só é menor comparado a esse sofrimento interior. O sofrimento de pensar em te perder. Nessas horas todas as lembranças – boas e ruins – surgem em minha mente. Foi você a primeira pessoa que me apoiou quando eu quis voltar a estudar. Você estava do meu lado quando minha cachorra morreu. Você viu o tamanho da minha dor. Não julgou. Não condenou. Apenas estava ali, do meu lado. E agora... eu não posso estar do seu lado. Há uma sala fria que nos separa. E nesse instante sua dor está distante da minha. Lembro-me de nossa briga por causa do meu ciúme naquela festa do seu primo. Lembro que bebi horrores para esquecer seu beijo. Não queria ter te amado. Amar e ser traído era uma dor enorme para mim. Ledo engano. Dor maior é essa. A dor da possibilidade de não te ter mais do meu lado. Interessante perceber como um simples gesto, algo aparentemente frágil, tolo me passa tanta segurança: quando você segura minha mão. Sem nada dizer. Sem nem olhar para mim. Como quem me diz que há momentos que os olhares não precisam se encontrar. Pois há outro sentimento mais forte que consegue ver na ausência desse olhar: o amor que nos une. Como eu gostaria de pegar na sua mão e ser eu dessa vez... só dessa vez... ser eu... a segurança para você. Sim, você foi tantas vezes segurança para mim. E eu não consigo ser segurança agora para você... Meu deus, nem sei se posso dizer isso – deus! Mas é que preciso agarrar-me a algo já que não te tenho aqui. O medo de te perder me consome. Como será minha vida sem seu sorriso, sem seu olhar? Pensar em te perder é pensar em perder-me também!... Ai que dor infernal! Uma dor silenciosa. Dor duvidosa. Dor que crava em mim o maior de meus medos: perder o amor que um dia encontrei. Perder o amor que nunca acreditei achar, mas esse amor escolheu a mim como objeto de verdade e leveza. (Em soluços digo como quem deseja gritar...) Por favor, não apague a luz, não apague a luz, não apague a luz dele. Não apague a minha luz. Pois viver sem você é viver sem luz. Não apague a luz...

4 comentários:

  1. Amigo, desta vez vc colocou pra arrebentar...que texto forte. Belissimo,viu!!! O segredo de sua inspiração...um dia quero saber(kkk).Parabéns mais uma vez por fazer nos humanos imortais sem sentimentos refletirmos!!!!kkkkkkkkk
    Bjs

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  2. Quando encontramos a extensão da nossa luz própria percebemos o quanto as luzes se misturam. O amor é mistura. Eu não sei até onde eu sou e também não meço o limite que ele está em mim! Lindo texto! Senti a luz do meu dia/ noite na leitura, senti meu laço mais gostoso... senti Alexanndre Agostinho (L). Grande produção, Luiz! :)

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  3. Luiz,
    profundo e belo!
    Parabéns!!!!
    Como sempre a sensibilidade é seu nome!
    (Jessica)

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  4. Luiz:

    Me fez chorar....afeeee
    Lindo demais.
    Abraços.

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