quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Água!


Férias. Depois de um delicioso e demorado café da manhã, aproveito para passear um pouco. Acredito que acordei mais concentrado, mais reflexivo, pois todas as minhas ações perderam o ritmo frenético costumeiro. Saio andando pelo resort. Deparo-me com um rio. Um rio calmo, bonito. Não resisto ao som das águas, a cor das águas claras, o contorno de “quase um quadro impressionista” feito pela natureza ao redor. Então, sento-me. Permaneço em silêncio e continuo a observar, sentir tudo. Porém, algo chama minha atenção. Vejo as águas do rio correndo mansamente mesmo diante de obstáculo: pedras, galhos de árvores etc. Faço um teste. Jogo uma pedra no rio. O formato da água muda, amolda-se, mas logo ganha sua cadência normal. Jogo uma folha. E a vejo sendo carregada pelo movimento das águas. Isso mesmo, a palavra de ordem é MOVIMENTO. Movimento que é gratidão, ação, força, desejo. De repente, enxergo minha vida. Quanta coisa perdi porque não fui movimento? Porque esperei o movimento do outro! Não telefonei. Não disse que amava. Não pedi desculpas. Não abracei. Não chorei. Cartas não escritas. E-mails não respondidos. Chamadas não atendidas. Visitas proteladas para um futuro incerto... E me sinto vazio. Vazio por não ter sido movimento, por não ter sido vida, não ter sido amor. Uma lágrima rola em minha face. E até aí a água diz: m-o-v-i-m-e-n-t-o. Como num salto ergo-me numa tentativa de quebrar o ciclo das minhas acomodações. Abro a caderneta. Pego uma caneta e escrevo: “Hoje, escolho a vida, o movimento em detrimento à morte, à estagnação...” E lembro que o poeta estava certo ao cantar: “...é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Porque o amanhã e o tempo também são movimentos!

2 comentários:

  1. lindoooooo perfeito minha parte favorita
    >>> De repente, enxergo minha vida. Quanta coisa perdi porque não fui movimento? Porque esperei o movimento do outro!

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  2. Mais um maravilhoso trabalho desse talentoso escritor.Com muito primor conseguiu transcrever o sentimento que todos nós, provavelmente, tivemos em algum momento.Eu me identifiquei muito com esse texto.O bom e autêntico escritor é aquele que nos toca a alma.Parabéns, Luiz!bjs.Raquel

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