quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Mamãe não pode saber (Cênicas cia. de repertório)

Sem pretensões maiores, numa terça-feira às 23 hrs, no espaço Muda foi apresentada a leitura de uma peça chamada "Mamãe não pode saber". A noite começou lenta, mas logo a casa estava cheia.

As luzes se apagaram e os atores começaram a entrar já de forma engraçada e impactante. Sônia Romualda interpretava uma narradora carrasco que tinha presença de palco, figurino e dava um ritmo mais que interessante ao enrredo surpreendente do espetáculo.

No início, a peça não estava parecendo tomar forma, nos fazer ver os cenários e os personagens que precisamos visualizar numa boa leitura. Dentro de alguns minutos, o texto parou de enrrolar na lingua, as frases foram tomando o tom necessario e os atores com "voz e corpo" deram voz e corpo a cada uma das pessoas dentro da casa. 

A história da peça gira em torno de uma família falída, que mora numa casa hi-po-tecada mas que vive numa realidade financeira de aparências. O pai, Arthur, interpretado por Alexandre, é um cadidato a político que tem sérias dificudades de decorar seus discursos e de exceder em qualquer aspecto necessario para um governante. Alexandre também faz o papel de Julinho, filho de Arthur, um adolescente que não está nunca em casa, a não ser quando precisa sair do seu estilo hip-pop-punk-alterna pra o estilo rave-reggae-pop-punk-praia, ou algo do tipo. E mais ainda, a filhade Arthur, Priscila também é representada por aAexandre, que brinca e faz rir ao fazer uma adolescente obrigada pela mãe à ser modelo para salvar a família da falência. 

Antônio Rodrigues interpreta o melhor amigo de jJlinho, Zepa, que também está sempre se sentindo fora de moda, assim como Moreira, uma espécie de relaçoes públicas de Arthur, mais corrupto que o aumento de 61% nos salários dos senadores. Toni representa também Júlia, a amiga de Priscila que come todo tipo de gulosema na sua frente, pra lhe fazer inveja, conta tudo que acontece pra sua mãe, e está sempre do lado de qualquer pessoa senão Priscila.

Toni também faz um curto papel como Parri, filho adotivo de Mamãe, interpretada por Bruna Castiel.
Bruna, na verdade, também representa Glória, esposa de Arthur, mãe de julinho e priscila.

Ana Souza na verdade é a úníca que representa somente um personagem, Flora, a empregada da casa que
sonha em ser atriz, e romanticamente se apaixona ao primeiro pedido de água, por Armando, motorista
da casa interpretado por Vinicius Vieira. 

Vinicius também representa Detetive Gomes que vem investigar o desaparecimento de Mamãe quando ela é sequestrada durante um blackout e tem um estranho sotaque de dublagem de filme americano. Tudo começa a dar errado quando a rede de mentiras, que Glória criou para extorquir dinheiro de Mamãe, começa a desfiar assim que ela fica sabendo sobre sua chegada de Paris para uma visita surpresa.

O texto em si tem vários aspectos irreverentes, como por exemplo, o fato de que os próprios
personagens em cena, confudem um personagem por outro por serem interpretados pelos mesmos atores.

A narradora faz pausas pra consertar o ritmo, o texto da peça, e é grosseira e objetiva na sua forma de disciplinar. O texto também foi adaptado para temas recentes, geografia local e canções atuais nessa apresentação.

Cada grupo de personagens tinham sua cena unica, nos dando uma profundidade maior sobre o que cada pessoa dentro casa, era, queria, ou sonhava ser.Os personagens são todos satíricos e cômicos, fazendo uma crítica conceitual à nossa sociedade, a grande ênfase dada às aparencias e a dor de cabeça das mentiras.

Foi um prazer "ver" um texto cheio de aspectos teatrais e cênicos retratados visivelmente no trabalho fantástico de voz e corpo dos atores que nos tirou da monotonia casual que pode ser uma leitura.

 Esta crítica foi escrita gentilmente pela cineasta e estudante de teatro Catarina Vaz, que esbanja talento, possuindo grande intimidade com as paravras e sensibilidade com as artes!

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