terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cachorro Morto


Domingo. 20 de novembro. Recife. Estou na fila do teatro para ver a peça Cachorro Morto (da Cia Hiato, SP). Em algumas ocasiões prefiro não ler nada sobre a peça que vou assistir para não me “contaminar” com as impressões alheias. Na fila (do teatro) encontro conhecidos, amigos. Um deles me diz que essa peça é muito boa, muito recomendada e que ele saiu de casa só para ver a peça. No mesmo instante, exclamei: “Ainda bem que eu vim!”.
Ao entrar no teatro, os atores já estão todos em cena. Falando seus textos, “dialogando” com os espectadores numa ação de receptividade. Confesso que gosto muito desse movimento. Pois nos coloca dentro da energia, do espírito da peça, mesmo antes dela começar. (Mas acredito que naquele momento a peça já começou! Já começou a fala, a interação).
O cenário bastante simples, uma cortina preta com vários post-its colados. Isso nos remete a modernidade, ao trabalho, a necessidade de escrever, aos recados. Não é à toa que ao entrarmos uma das atrizes cita várias anedotas e frases. Algo não só engraçado, interativo, mas que remete aos textos rápidos. Quase escrito nos post-its acima. Os 5 atores em cena interpretam várias personagens. E aparece sempre um personagem-narrador. Para mim, isso além de dar um novo ritmo à peça traz uma dinamicidade e sai do lugar comum de contar histórias. Lugar comum que foi percebido não haver em Cachorro Morto quando uma das personagens-narradores declara: “Essa história não tem um final feliz. Essa história é um mistério e é preciso revelar quem matou no final. Mas quem matou foi o pai”. O tempo aparece no texto através da velocidade interagida com o cenário de post-it quando os personagens o arrancam com força e velocidade. Enfim, Cachorro Morto foi aplaudido alguns minutos de pé com mérito. Pois o elenco mostrou um bom trabalho de corpo, de improvisação e criatividade. Pois a história sai do lugar comum para tocar o “lugar comum” do cotidiano do homem moderno: velocidade, relações fluídas, computador, telefone, confusões... enfim, o homem e seus conflitos.
Texto escrito por Luiz Carlos Filho.

OBS.: Quem quiser conferir a peça, não tem mais. No entanto, hoje, 22/11, e amanhã, 23/11, a Cia Hiato SP apresentará a peça O jardim as 21h no Teatro Luiz Mendonça, Parque Dona Lindu. Minimamente, vale a pena conferir e trocarmos ideias.

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